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Descoberta de nova espécie de lagarto endêmico em Noronha

O Lygodactylus neglectus corre risco de estar extinto, mas, são necessárias mais buscas para definir.


Pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro estiveram em Noronha em busca de um lagarto que foi depositado há aproximadamente 150 anos no Museu, cujo nome científico é Lygodactylus neglectus. Ele é considerado uma espécie endêmica da Ilha, com 2,5 cm de corpo e 2,5 cm de cauda.

Foto: Acervo do Museu Nacional/UFRJ

Apesar das buscas, o lagarto corre o risco de estar extinto. A hipótese levantada pela herpetóloga Karen Wege é de que espécies exóticas invasoras como gatos e ratos tenham grande influência no desaparecimento do lagarto.


Karen está desenvolvendo uma tese de mestrado com o título “Uma espécie esquecida no tempo” e revisa todo o histórico do Lygodactylus neglectus. Apesar de ter sido coletado na Ilha há tanto tempo pelo geólogo John Casper Branner, em uma expedição naturalista, a espécie só foi descrita em 2023 por Paulo Passos, Professor Associado e Curador das Coleções de Répteis do Museu Nacional/UFRJ.



“Mesmo com amostras históricas depositadas no Museu, não sabemos em qual local do arquipélago Casper as coletou. Com elas, a gente acredita que será possível entender um pouco sobre a história natural da espécie, o tipo de dieta, o desenvolvimento embrionário. Temos também alguns ovos preservados, alguns pequenos embriões da espécie dentro dessa amostra de 52 exemplares. O nosso maior desafio no momento é tentar de fato estabelecer se a espécie foi extinta em tempos coloniais ou mais recentemente.” Explica Paulo Passos.


Foto: Acervo pessoal Paulo Passos

Paulo Passos, Professor Adjunto e Curador das coleções de répteis do Museu Nacional/UFRJ

No trabalho de campo, Karen Wege e Luiz Fernando Freitas de Carmo contaram com o apoio do ICMBio Noronha para tentar encontrar o lagarto em várias partes da Ilha principal e na Ilha Rata, porém, não obtiveram sucesso. Os pesquisadores reiteraram que é necessário investir em mais buscas pois existe a possibilidade de eles estarem em locais remotos.


Atualmente, existem outros répteis do mesmo gênero encontrados na costa do continente africano. “Já estamos sequenciando amostras de DNA a partir do nosso acervo histórico. Utilizamos técnicas específicas para tentar posicionar a espécie nova na filogenia e estimar o tempo de divergência dessa espécie em relação aos contrapartes africanos ou as duas espécies continentais no Brasil” afirma o Professor Paulo.


Como a investigação sobre a espécie foi retomada

Há cincos anos o Museu Nacional/UFRJ sofreu um incêndio de grandes dimensões que destruiu por completo as coleções e exposições históricas e científicas que se encontravam no palácio do antigo paço imperial de São Cristóvão na Quinta da Boavista. Por se encontrarem noutro edifício, as coleções científicas de animais vertebrados escaparam à tragédia. Os espécimes coletados por Branner são os únicos testemunhos da presença desta espécie no arquipélago de Fernando de Noronha, que nunca mais foi vista ou coletada nas ilhas desde então.


Esta descoberta demonstra a relevância que as coleções de história natural têm ainda nos dias de hoje para a investigação científica. Vários estudos recentes resgatam espécies que passaram décadas guardadas nos armários e estantes de museus até serem formalmente estudadas e descritas para a ciência.


Os autores alertam para a necessidade de se continuar a investir na investigação científica nos museus de história natural e reforçam a importância que Museu Nacional/UFRJ e as suas coleções científicas têm para a ciência e a sociedade.


Para saber mais, acesse: www.herpetologiamuseunacional.com.br



Por Mariana Macedo Botão - voluntária comunicação ICMBio Noronha






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